No texto de As mil e uma noites, conta-se que um rei persa chamado Shariar vivia amargurado e muito deprimido pela infidelidade de sua mulher. Para encarar o problema, simplesmente mandou matá-la e mais: resolveu passar cada noite com uma nova esposa, que ele ordenava que fosse degolada na manhã seguinte. Um belo dia, recebeu Sherazade como sua nova mulher e ela começou a contar-lhe uma longa história que atiçou muito sua curiosidade. Antes que a noite terminasse, Sherazade interrompia o relato, mantendo o clima de suspense e deixando o novo capítulo para a noite seguinte. A criativa e estratégica atitude estendeu o casamento com o monarca por mil e uma noites e ela acabou sendo poupada da morte.
Com as “marcas Sherazade”, acontece a mesma coisa! Elas têm sempre uma nova história para contar, têm sempre um novo capítulo para acrescentar ao anterior, têm sempre a capacidade de fazer o consumidor esperar até a noite seguinte.
“Marcas Sherazade” podem não ter todas as “noites” a mesma capacidade de provocar emoções de alta intensidade. Mas têm sempre algo a acrescentar. E é menos importante ter muito dinheiro, verbas milionárias de comunicação para fazê-lo. É muito mais importante ser criativo, consistente e determinado, para que o laço com o consumidor não se rompa.
Não são apenas as grandes e tradicionais corporações que desfilaram com suas “marcas Sherazade”. Isto não é um atributo exclusivo deste perfil de empresas. Ao contrário, acho que deve ser uma obrigação das que querem crescer e não podem se limitar a contar uma ou outra história apenas! Ninguém cresce em uma noite, mas em mil e uma.
O tempo vai mostrar, para quem ainda não está convencido, que a Sherazade ganhará a batalha final contra as Talibãs. Que, aliás, não contam história nenhuma e apenas se alimentam da falta de recursos de milhões e milhões de consumidores.
O importante não é usar montanhas de recursos para contar uma história ao mercado e sair de cena. O mais importante, mais criativo, mais estratégico e mais eficaz é ter sempre algo para alimentar o fio da meada. Ainda que em pequenas doses, em capítulos, noite após noite.
Ouvir, pesquisar com atenção e desprendimento o que os consumidores e clientes dizem e pensam é a fórmula para saber o que eles pensam das histórias que a marca tem contado e de como continuá-las.
Contra a guerrilha Talibã, que se alimenta de limitações históricas de nosso mercado de consumo, as “marcas Sherazade” apontam o caminho mais seguro que nos leva ao futuro. Ainda que demore mil e uma noites.
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