Por: Gabriel Troiano
Os que me conhecem, dentro e fora da TroianoBranding, sabem o quanto eu sou fã de música. Das 24 horas do dia, escuto música aproximadamente umas 18 horas. Escuto quando vou dormir, quando tomo café da manhã, quando estou lendo. Por isso, é um prazer poder falar sobre uma banda que tem arrasado recentemente no palco da nossa cidade de São Paulo: o Coldplay.
Acima do bem e do mal é o título deste artigo, e talvez uma frase que ecoa em muitas pessoas que escutam ou sabem alguma coisa do grupo. Coldplay virou símbolo, sinônimo de alegria e felicidade, de júbilo. Virou marca, e não só qualquer marca, uma marca potente, popular, e acima de tudo, longeva. Eles têm muito a nos ensinar, nós que trabalhamos com Branding e a todos que são fãs de música e apaixonados pelo mundo das marcas.
‘Turn your magic on, umi she'd say
Everything you want's a dream away
Under this pressure, under this weight
We are diamonds taking shape.’
Essa letra da música “Adventure of a Lifetime” do Coldplay, nos oferece uma compreensão de como o tempo, assim como a pressão que faz um diamante crescer, ajudou o grupo a se solidificar na indústria após anos de dedicação e amor aos fãs. Amor que está sendo muito evidenciado nos shows recentes que o Coldplay tem feito em São Paulo, apesar das complicações nos estádios que receberam milhares de reclamações de pessoas de todas as idades. Lama, poças, desorganização geral, tudo isso poderia ter atrapalhado o evento e impedido que os fãs aproveitassem o momento de ver sua banda preferida. Mas, como o título bem diz, Coldplay, com sua popularidade, estava acima de todos esses obstáculos e fez o chão tremer, fez o coração das pessoas pular mais rápido.
Mesmo com todas as dificuldades, a banda soube aproveitar a oportunidade e vendeu os ingressos a ponto de não sobrar nenhum. Sold out até nas mãos dos cambistas. Mas o que faz do Coldplay uma marca tão adorada e relevante no mundo de hoje? Resumimos os pontos a seguir, usando nossa experiência com Branding, para falar mais sobre essa banda e marca inglesa que tanto gostamos.
1. Um produto muito "consumível" (e forte)
O Coldplay tem uma longa história, começando sua carreira em 1996 com seus membros fundadores Chris Martin e Jonny Buckland. Com o lançamento de álbuns como “Viva La Vida or Death and All His Friends”, “A Rush of Blood to the Head” e “A Head Full of Dreams”, Coldplay se solidificou como uma das maiores bandas do mundo, quebrando recordes de venda e se colocando constantemente no topo da lista da Billboard. São marcas como essa, que tem produtos tão fortes e tão consistentes que acabam se tornando o “queridinho” do povo. Além de ter músicas fáceis de serem consumidas como “Viva La Vida”, “Yellow” e “The Scientist” oferecendo letras e melodias relacionáveis que mexem com nossas emoções e instinto brincalhão. Uma marca forte sempre começa com um bom produto e isso o Coldplay tem de sobra.
2. Carisma do frontman inglês
Nada melhor do que estar em contato com uma pessoa e produto que nos alegra e torna nossa vida melhor. Como frontman, Chris Martin tem um charme inegável e atrai milhares de fãs em volta do mundo, de todas as faixas etárias. Nos shows recentes que ele fez em São Paulo, muitos de nossos conhecidos falaram de sua simpatia e generosidade. Teve até momentos em que Chris agradeceu o público e os funcionários do estádio em português, espremendo um “obrigado” e “gratidão” com seu sotaque inglês. Aliás, Chris nos lembra de um outro frontman inglês famoso, Paul McCartney, que continua conquistando fãs com sua música e charme. Não é à toa que muitas das bandas renomadas internacionalmente são inglesas. Esse povo sabe se abrir para o mundo, sabe aceitar as diferenças nos outros e estender a mão ao próximo. É um costume típico inglês, que eu pessoalmente percebi morando em Londres. Ponto para o carisma do Chris Martin na construção de uma marca forte, sendo um porta voz que cria laços de forma espontânea e genuína.
3. Os coadjuvantes também fazem parte do show
Um frontman como Chris Martin poderia, muito facilmente, ofuscar o resto da banda, que tem seu papel dentro do conjunto. Mas isso não acontece, e em vez do Coldplay ser um “one man show”, os coadjuvantes são capazes de se mostrar para nós como músicos e performers que seguem na mesma linha do Chris. São todos simpáticos, carismáticos, sorridentes e inspiradores. Tocam seus instrumentos com paixão, como se suas almas estivessem entrelaçadas
romanticamente com as letras e melodias. Eles não estão se forçando para ser alguém que eles não são, só estão apenas seguindo o que vem mais naturalmente para o espírito do Coldplay. Quantas marcas já vimos percorrer este caminho, pretendendo se comunicar e agir de uma forma muito diferente de seu estilo original, só para agradar um certo público. Essas marcas perdem de vista seu Propósito e entram em muitas armadilhas no mercado. Deveriam aprender com o Coldplay para permanecerem leais a si mesmas.
4. Experiência de marca ao vivo fora de série
Os que foram ao show da banda em São Paulo, como as nossas analistas Júlia Shiomi, Mirella Tozetto e nossa diretora Cecília Russo Troiano, vivenciaram o poder e nível de engajamento que a performance do conjunto propicia. E podemos ir além da música, para falar do show em si. Desde as pulseiras que brilham no escuro controladas por GPS, fazendo um visual incrível a noite, até o sistema de som no estádio, a banda faz um convite para o público se engajar e se tornar o quinto membro, cantando e dançando com a animação de todos os integrantes. Júlia, Mirella e Cecília até contam que tiveram partes em que eles pediram para todos no estádio guardarem seus celulares para estarem presentes no momento, vivenciando a experiência por inteiro. Coldplay é uma banda que entrega uma experiência de marca única, onde os fãs saem emocionados, tocados, e os que foram juntos para acompanhar, saem como novos seguidores do conjunto. É chover no molhado, mas experiência de marca é fundamental para gerar um engajamento de todos os nossos sentidos, e nisso o Coldplay dá banho.
5. Coldplay se mantém ativo e filantrópico
Conhecemos muitas marcas que vivem de seu saldo médio reputacional, que se alimentam de seu passado. Mas, sabemos que são aquelas que continuam alimentando sua reputação que acabam se tornando ainda mais fortes e admiradas pelo público. Esse é o caso do Coldplay, que, além de produzir e lançar músicas novas, sempre busca novas conexões, oportunidades para apoiar caridades e ONGs como Amnesty International ou Red Cross. Esse espírito acolhedor do Coldplay também pode ser visto no incentivo que eles fazem para melhorar a inclusão de pessoas durante o show que sofrem com deficiências sensoriais. Como, por exemplo, oferecendo intérpretes de língua de sinais para os convidados surdos e deficientes auditivos, para que eles possam sentir uma conexão mais forte com a música. Com todas essas iniciativas, Coldplay se torna mais do que uma banda, se transformando em uma marca que está preocupada com seus fãs e com todos que entram em contato com sua música, inclusive o planeta.
Lembro-me de outras bandas de que gosto que têm esse mesmo estilo acolhedor do Coldplay, como Metallica e Rolling Stones, que ainda estão ativos e fazendo turnês em todos os cantos do mundo. Talvez, o segredo desses conjuntos seja o respeito absoluto por esses 5 pontos do texto, tendo como resultado final uma longevidade ímpar. Admiramos muito o Coldplay, como banda, como inspiração para nossos trabalhos de Branding, e como marca. Temos muito o que aprender com eles. Os shows em São Paulo foram apenas um vislumbre do trabalho incrível que a banda tem feito. Podemos ter certeza que, mesmo quando tudo conspira contra nós, quando enfrentamos situações desafiadoras como aquelas enfrentadas pelos que estavam no estádio em São Paulo com chuvas incessantes, sairemos como fãs do Coldplay, estejamos completando nossos 20, 40 ou 80 anos de vida. Digo mais uma vez: Coldplay é alegria, paixão, felicidade, é o ponto que devemos ter de referência, com produtos e alma que deixam qualquer artista e marca com inveja!
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